foto do artigo do IPC

Imagens da Terra divulga Brasil
do International Press, no dia 7 de julho de 1996

Através do trabalho de fotógrafos brasileiros,
a JCA revela os problemas sociais brasileiros via Internet

Tóquio - Depois de morar por cerca de três anos e meio no Brasil (1991-1995), trabalhar no Instituto Brasileiro de Análises Sócio-Econômicas (Ibase) - comandado pelo sociólogo Betinho -, fazendo estudos sobre o impacto da cultura de eucaliptos no Cerrado, e criar um home page ne Internet (rede mundial de computadores) para denunciar o fato, Tomoya Inyaku iniciou outra atividade. Desta vez ele está divulgando o projeto Imagens da Terra, trabalho que um grupo de fotógrafos brasileiros vem fazendo há alguns anos. São registros de trabalhadores rurais, trabalho escravo, comunidades indígenas, meio ambiente, negros, mulheres e crianças.

Para viabilizar seu sustento e divulgar a Imagens da Terra no Japão, Inyaku associou-se a três organizações não-governamentais (ONGs). Ele está elaborando um banco de dados e uma rede de comunicação por microcomputadores para a Alter Trade Japan Inc.(ATJ), para a Rural-Urban Alternatives (RUA) e para a Japan Committee for Negros Campaign (JCNC), que tratam de problemas do Japão e das Filipinas. Porém, o objetivo maior é interligar as ONGs do País e seus movimentos sociais, através da Japan Computer Access (JCA), fundada por Inyaku, e depois ligá-las a uma rede mundial de ONGs da qual diversas entidades brasileiras também fazem parte: a AlterNex.

"Estive no Rio de Janeiro, em novembro do ano passado, no Cetro de Documentação e Imagens dos Trabalhadores, e conversei com os fotógrafos que organizam o Imagens da Terra, João Roberto Ripper e Fernando Neves, para apresentar a idéia de divulgar o trabalho deles aqui no Japão", conta Inyaku, que é formado em Filosofia pela Universidade de Tóquio.

A proposta do Imagens da Terra, definida em seu home page, é criar um arquivo de imagens e deixá-lo á disposição dos próprios fotógrafos quando estes realizarem palestras ou atividades que ilustrem e denunciem sua situação. Ou seja, "ser a voz dos que não sabem ou não podem falar".

Ele diz não temer críticas. "Não estou preocupado se vou ou não passar uma imagem ruim do Brasil para os japoneses. Apesar de mostrar a dura realidade dos camponeses, dos índios e das minorias no Brasil, as fotos são de grande beleza. São realmente lindas. Fiquei muito emocionado quando as vi. Principalmente, porque por trás delas existe uma realidade que não se pode esconder."

Para Inyaku, os profissionais do Imagens da Terra conseguem passar força em seu trabalho porque conhecem muito bem os problemas. "Os fotógrafos que fizeram as imagens da guerra do Vietnã ficaram muito famosos. Mas a maioria não era vietnamita, era estrangeiro. Tenho certeza de que um vietnamita, que conhece sua cultura e seu povo, fotografaria diferente."

Ele defende o projeto esclarecendo que o Imagens da Terra não divulga somente fotos que retratam as dificuldades sociais brasileiras. Existem diversos tipos de imagens. "Além disso, acho que os japoneses precisam saber o mais rápido possível que quando investem numa companhia que explora os recursos naturais no Brasil, podem estar investindo na destruição do meio ambiente, provocando a expulsão de diversas famílias de camponeses de suas terras e prejudicando pequenos produtores, devido ao chamado agrobussiness. E com isso eu não posso concordar", afirma (Marcello Sudoh/da Redação)

http://www.jca.ax.apc.org/~imagens