1. Quem é o Imagens da Terra

O Imagens da Terra - Centro de Documentação e Imagem do Trabalhador - é uma entidade sem fins lucrativos, apartidária e laica que tem por objetivo colocar fotografias à serviço dos Direitos Humanos e dos despossuídos.

Somos 2 fotógrafos e varios fotógrafos colaboradores documentando as questões sociais no Brasil e, em mais de 5 anos de existência, desenvolvemos um arquivo com mais de 150 mil imagens cujos temas variam entre; trabalho escravo, crianças de rua, crianças trabalhando em carvoarias, comunidades indígenas, trabalhadores rurais, favelas, brasiguaios e trabalhadores urbanos.

Nossa preocupação têm sido a de denunciar, através da fotografia, as situações de violação dos direitos humanos. Este trabalho é utilizado em processos jurídicos, exposições, palestras e denúncias, que, em suportes diferentes das páginas tradicionais, pode encontrar novas maneiras de documentar a história e, principalmente interferir na sua mudança.

Para realizarmos essas documentações passamos às vezes 1 ano envolvidos com uma determinada temática aprendendo e deixando com que esse aprendizado se traduza no melhor "retrato" possível daquela situação.

Não pretendemos fazer com isso uma "estética da miséria", mas mostrar também a beleza apesar da tristeza. A sensibilidade, o brilho no olhar de uma criança, a dignidade de quem vive do trabalho. Acreditamos que sempre há vida, esperança, e virtudes escondidas nas piores situações, as próprias comunidades conseguem encontrar alternativas.

Nosso desejo é de um dia fotografar apenas a alegria sem ter por detrás dela situações tão injustas e desumanas.
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2. Objetivos do Imagens da Terra

O objetivo principal do Imagens da Terra é colocar a fotografia à serviço dos próprios despossuídos. Doamos uma parte do material fotográfico para as comunidades de forma que elas próprias possam utiliza-las em exposições, palestras, publicações, processos jurídicos e reivindicações que ajudem na melhoria de sua qualidade de vida.

O nosso objetivo é documentar de forma que nosso trabalho possa servir de várias maneiras e que a fotografia funcione como história, transformação, educação. A intenção é que a fotografia se torne a voz dos oprimidos. A voz de quem não sabe ou não pode falar.

Temos nos concentrado principalmente nas crianças, que são os futuros agentes transformadores da sociedade. Essas crianças crescem sem apoio educacional, começam a trabalhar cedo, sem uma alimentação adequada, o envelhecimento é precoce. Além disso, crescem com sua saúde mental afetada, ou seja, sem chances de crescimento profissional e, portanto, sem espaço no mercado de trabalho. Passam a engrossar o contingente marginalizado e miserável da sociedade.
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3. Objetivos mais Específicos

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4. JUSTIFICATIVA

A sociedade não se vê representada nos jornais, revistas, enfim na mídia. Os meios de comunicação no Brasil são elitizados e monopolizados. Só se mostra um lado da notícia, o lado que interessa às classes dominantes. As crianças de rua aparecem como marginais, os trabalhadores como coitados, as mulheres são discriminadas.

Os jornais são parciais e formam opinião ao contrário do que apregoam. Foi pensando em ser uma proposta alternativa de informação, exercendo a função social do jornalismo de prestar serviços a sociedade, ajudando na sua construção e transformação; que criamos o Imagens da Terra. Fazemos um jornalismo engajado e comprometido. Procuramos não só registrar, mas desenvolver o tema até conhecermos profundamente as pessoas, sua intimidade, a ponto de podermos retratar aquela realidade tentando não distorcê-la.

Procuramos conviver com as comunidades e aprender com elas a essência da vida a qual nos propusemos documentar. Acreditamos que a fotografia pode ser fundamental na formação das pessoas, pois é uma linguagem que a maioria pode entender.

Temos tido resultados relevantes com o tipo de trabalho que praticamos, entre os quais citaremos um exemplo recente.

Em 1993, em Santana do Araguaia, Sul do Pará, mais de 40 trabalhadores, incluindo crianças e famílias estavam no interior da fazenda Mata Azul impedidos de sair por jagunços armados. Estes trabalhadores haviam sido contratados para realizarem derrubada de árvores.

No entanto, quando chegaram na fazenda ficaram sabendo que já deviam o transporte que os tinha levado até o local, além de terem que pagar pela casa, comida, instrumento de trabalho. O que recebiam nunca cobria os débitos que se acumulavam e assim eles tinham que continuar trabalhando de graça para pagar a dívida. Se tornaram escravos.

Na ocasião, estávamos levantando denúncias na região e tomamos conhecimento do caso. Procuramos pessoas que pudessem assumir a denúncia de escravidão perante o promotor da cidade e assim concretizamos os depoimentos e todo o procedimento jurídico.

Resultado : o fazendeiro soube que a polícia daria um flagrante na fazenda e resolveu libertar os 40 trabalhadores. O empreiteiro Francisco Andrade, conhecido como Chicô, foi indiciado e responde processo do qual somos testemunhas. Esse é um exemplo do que procuramos fazer.

No Brasil, existem diversas situações como estas e a fotografia é um instrumento e documento de luta que pode ser usado como prova de denúncias.
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Organizado por INYAKU, Tomoya tomo_nada